O Atelier Contencioso, com a instalação de arte ‘Sopro’, é o grande vencedor da 1ª edição do ‘Prémio A Arte Chegou ao Colombo’, lançado com o objetivo de apoiar artistas emergentes.
Título: Em casa!
Técnica: Tinta acrílica e esmalte sintético sobre tela
Dimensões: série de 9 pinturas, 40×40 cm
Memória descritiva: “Em Casa!” diz respeito a uma investigação onde o corpo, num tom surreal e irónico, se abre para reflectir o espaço da casa. O projeto reúne a represenação de alguns objetos que marcam o isolamento, uma vez que estes e os rituais domésticos têm adquirido importância redobrada nesses tempos. Esta série busca reivindicar a ideia de pertencimento de nossos objetos no dia-a-dia, ilustrando como seria se fosse ao contrário, dando origem a um pequeno palco de vivências inventadas. Tudo, por fim, converge para uma nova ótica e para uma relação entre objeto e corpo cujas representações não correspondem ao real. Desafiando as normas e a lógica, para o objeto, abre-se a possibilidade de ultrapassar precisamente a sua “função” para uma nova função que reforça a importância sentida dos objetos domésticos durante a quarentena e uma mudança de perspectiva sobre os nossos ambientes cotidianos durante esse tempo.
Título: Sem título
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensões: 150x200x3 cm
Memória descritiva: Neste trabalho é retratada a Dona Manuela, de Viana do Castelo, e a sua pequena mercearia, na qual trabalha há mais de 40 anos. É um espaço pequeno, com pouca luz natural, praticamente despido, que acaba por compor uma imagem aparentemente sombria e austera, mas que na realidade retrata alguém que procura manter algum sentido de normalidade na sua vida, apesar das dificuldades passadas e presentes.
A Dona Manuela vai completar 90 anos de idade e ainda hoje mantém a mercearia aberta.
Título: Sem título
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensões: 165×205 cm
Memória descritiva: O desenho para esta pintura/desenho, foi desenvolvida durante a quarentena do covid-19, em Abril. Fiz muitos desenhos nesses dois meses, já que não podia mover me até ao atelier. Ao princípio pensei em desenhar me em cima de um cavalo a dar um salto porque, apetecia me isso, correr e saltar, mas depois fiquei enjoada com a ideia de estar em cima de um animal, e sempre me fez confusão que só se pintem pessoas em cima de cavalos, então pensei que seria melhor um cavalo em cima de uma pessoa. Acho que este desenho representa uma fragilidade desse ”não me poder mexer” por estar fechada e ao mesmo tempo a força e o desejo de correr . Quando a quarentena terminou, levei o desenho, e pintei-o. É um desenho representado por uma figura humana em uma posição tensa e trancada e um animal em cima que corre, são as duas figuras o mesmo animal, em uma situação estranha.
Título: Sopro
Técnica: Instalação
Dimensões: 200×350 cm
Memória descritiva: O vírus assemelha-se a uma erva daninha, pela rapidez com que se propaga. O Dente-de-Leão é uma erva invasora que soprada pelo vento, coloniza e multiplica-se. É uma erva amarga, para estes tempos amargos.
A obra Sopro é formada por 27 chapas pintadas, nas várias fases do desabrochar da flor, dispostas de acordo com o mapa mundial de propagação da Covid-19. Numa nota de esperança, todos nos lembramos de soprar um Dente-de-Leão para obter um desejo. Aqui, um desejo comum de regresso à normalidade.
Título: Escala
Técnica: Instalação
Dimensões: 0.80x100x200 cm
Memória descritiva: O “distanciamento social obrigatório”, resultante do impacto da Covid-19, criou um real afastamento entre as pessoas. O projecto Escala é um medidor de afastamentos e relações. Pretende por à prova as distâncias que necessitamos para a interacção social – o que perdemos quando nos afastamos. A instalação é composta por um passadiço escalado que convida os visitantes a caminhar sobre ele de forma a incentivar a reflexão e exploração das distâncias mínimas e máximas para uma relação pessoal.
Título: Nonchalance
Técnica: Técnica mista sobre tela
Dimensões: 220 x 160 cm
Memória descritiva: A obra “Nonchalance” ilustra vários temas sociais que nasceram do impacto da pandemia CoV2. Uma obra de grandes dimensões que se aparenta caótica e confusa, aproximando o seu estado visual ao estado físico e mental do país. Uma visão pandémica que apresenta os sectores mais afetados, a nova “normalidade” e a crítica à nonchalance (despreocupação) da sociedade portuguesa. Um trabalho detalhado onde cada pormenor é comum a todos nós.
Título: Eu e o Outro
Técnica: Instalação escultórica
Dimensões: 145x284x15,5 cm
Memória descritiva: Esta instalação escultórica é uma interpretação do comportamento social em pandemia. A sociedade é representada por dois painéis unidos eletricamente e ligados a uma fonte de energia. Procura-se levar o espetador a interrogar-se: os diferentes níveis de iluminação dos paineis, os fios entrelaçados alimentados em fontes de energia que (não) são a mesma, a interação dos paineis (o 1 sugará a energia do 2?) o (des)equilíbrio de forças, a mudança possível de mentalidade, o lugar da esperança e solidariedade.
Título: Gémeo Só
Técnica: Pintura, acrílico, carvão e giz sobre tela
Dimensões: 60x150x15 (x2) cm
Memória descritiva: No meu trabalho recente pinto marcas e sistemas sobre tecidos usados, criando peças abstratas, ou “paisagens”, que abraçam falhas e acasos. A transitoriedade e resiliência vividas no confinamento materializam-se em Gémeo Só via o modo como pinto e os materiais usados.
A peça explora a qualidade gestual da aplicação de tinta sobre uma superfície e pintura como um corpo físico. Simultaneamente ilumina as camadas pessoais e sociais presentes nos têxteis usados e nos ecos que os assombram.
Título: OXALÁ
Técnica: Escultura
Dimensões: 50x155x89 cm
Memória descritiva: A escultura “OXALÁ” ilustra, com humor e ironia, a euforia e obsessão pela limpeza e proteção vividas em tempos de pandemia. De carrinho cheio, deixando por vezes outros de casa vazia, esquecemo-nos do que significa ser humano. Cheios com “carrinhos de ouro” e pensando que nada mais nos faz falta levar, acabamos por voltar a casa sem sequer um abraço a quem nos é mais próximo podermos dar. Oxalá se vendessem embalagens de amor no supermercado… …porque foi isso que faltou levar.
Título: A minha tia Arlete
Técnica: Técnica mista sobre tela
Dimensões: 55x65x1,5 cm
Memória descritiva: A minha tia Arlete (2020) pretende refletir o perigo de números e o poder de histórias. Até ao presente momento (dia 29 de Outubro de 2020), a pandemia Covid-19 levou 2.428 vidas portuguesas. A minha tia Arlete foi uma delas. A minha tia Arlete foi professora e diretora de escola, era uma tia gentil e carinhosa e dizia piadas brejeiras durante os jantares de família. Faltam 2.427. Temos a responsabilidade de impedir que mais histórias fiquem por terminar