‘Matérias Diáfanas’ parte de uma reflexão acerca das substâncias ínfimas que se imiscuem na atmosfera. É nesse corpo continuum que as sementes de flores silvestres, transportadas pela ‘mão do vento’, se confundem com as poeiras antropogénicas, vestígios de explorações mineiras e de metais pesados. As tentativas de rastreamento, desde a sua produção e consumo, até à decomposição no meio ambiente, tornam-se difíceis neste lugar dinâmico, onde a unidade da mistura constitui um corpo que penetra o mundo de forma quase imperceptível.
Parte I: Diversas cianotipias em larga escala formalizam uma ‘constelação’ de poeiras antropogénicas e sementes de dentes de leão que nascem espontaneamente nas áreas mais poluídas das cidades.
Todos os anos, quando as sementes brotam, colho-as durante meses. Uma parte é usada para criação das cianotipias. A outra é colocada dentro de recipientes vidro cuja forma se altera escultoricamente à medida que colho mais sementes e poeiras em cada ano que passa.
Parte II: Mapeio visualmente as coordenadas GPS de operações de mineração a céu aberto. Concebo esculturas em cartão canelado (numa escala próxima do ser humano e inspiradas em maquetes da engenharia de minas). Recolho escórias, filmo e fotografo as águas contaminadas de minas abandonadas.