A construção de Portugal, como Estado e Nação, insere-se num encontro de culturas e fés que convivem na Península Ibérica até ao final da Idade Média, ultrapassando as fronteiras do novo Reino, concluídas em meados do século XIII, com a conquista do Algarve. A exposição “Construir Portugal. Arte da Idade Média” constituiu uma fascinante narrativa do processo de formação do Reino, contada a partir da seleção de 31 peças do acervo do MNAA, datadas desde o séc. XIII: da conquista militar à formação das fronteiras, da cristianização do território à persistente sedução pela arte islâmica, das redes da devoção às da cultura e do comércio; formou-se e consolidou-se um país que não tardou a romper os seus próprios limites.
A exposição iniciou-se pela evocação do culto estrutural a Santiago mata-mouros, polarizado no grande centro de peregrinações galego, consubstanciando o ímpeto cristão sobre o Sul islâmico, que apenas desaparece politicamente com a tomada de Granada, em 1492. Não obstante, durante séculos, o confronto político e militar entrelaça-se com as trocas comerciais e culturais entre populações de ambos os cultos, convivendo, aliás, a um e outro lado das fronteiras talhadas pelo processo da Reconquista.