No âmbito da 7ª edição da iniciativa “A Arte Chegou ao Colombo”, o Centro recebeu, pela primeira vez, num espaço comercial, as obras de Paula Rego, uma das artistas portuguesas contemporâneas mais reconhecidas a nível mundial.
Paula Rego desenvolveu uma linguagem figurativa pessoal. É através do vasto universo das histórias – dos contos tradicionais portugueses aos contos de fada; dos romances da literatura portuguesa e inglesa, das peças escritas para teatro ou adaptações destas histórias para o cinema de Walt Disney – que a sua pesquisa figurativa pela via fantasia e da imaginação adquire, na sua obra, uma importância maior.
O universo das histórias está sempre presente na sua pintura narrativa e isso é assumido pela própria artista quando diz “A história inicial, de fora, permite-nos acordar histórias do nosso próprio mundo”. Todavia, este encontro com as histórias que se contaram nesta exposição – Jane Eyre, Pinóquio, Príncipe Porco, Gata Branca, Peter Pan – nunca se traduz numa tentativa de ilustrar a palavra, a literatura, ou as imagens cinematográficas; mesmo quando a construção das suas narrativas pictóricas passa por uma relação direta com as histórias que vêm do universo literário, transformam-se noutras histórias ou ganham um novo sentido ao articularem-se, na tela ou no papel, com elementos e histórias que apenas à autora dizem respeito. Assim é porque a sua abordagem é marcadamente autoral e, muitas vezes, autorreferencial e, por esta razão, as obras deixam de se submeter, numa delineada estratégia de transgressão, às suas referências exteriores (aos textos originais).