Roy Lichtenstein e a Pop Art

19/06/2018 a 23/09/2018

Na 8.º edição da “A Arte chegou ao Colombo”, o Centro Colombo recebeu uma exposição alusiva ao mundo da Pop Art, onde se deu a conhecer uma seleção de 41 obras do emblemático Roy Lichtenstein, um dos mais conhecidos criadores deste movimento artístico.

Roy Lichtenstein (1923-1997) foi um dos artistas mais influentes e inovadores da segunda metade do século XX e uma das figuras mais proeminentes da Pop Art, movimento artístico que surge nos anos 50, nos Estados Unidos da América e em Inglaterra, mas que atinge o seu auge na década de 60, inspirado na cultura contemporânea de uma emergente sociedade de consumo.

Partindo de imagens banais do quotidiano, a sua obra rompeu com os conceitos vigentes no mundo artístico da época, através do uso de fontes de inspiração como a Banda Desenhada (BD), anúncios publicitários, publicações e ilustrações. Utilizou cores primárias, delineou figuras através de fortes contornos pretos e recorreu a um processo gráfico com o intuito de simular o pontilhismo, intitulado os pontos de Ben-Day. Criou um estilo radicalmente novo que, embora possa aparentar superficialidade dada a sua alusão a imagens comuns, esconde uma profunda crítica sobre o papel do artista e do processo criativo no mundo pós-industrial.

A exposição “Roy Lichtenstein e a Pop Art” ofereceu ao visitante um percurso por entre as diferentes etapas da carreira do artista, desde o seu surgimento no mundo da arte até à data da sua morte, ficando dividida por quatro seções: Pop, Paisagens, Homenagens e Cartazes. A exposição contou com uma seleção das obras mais emblemáticas do artista que transformou imagens da cultura popular e de massas provenientes da publicidade, da banda desenhada e do quotidiano em arte: Crying Girl, Whaam! e As I Opened Fire são alguns dos trabalhos mais emblemáticos do espólio do artista e que puderam ser apreciados pelos visitantes do Centro Colombo.

Ainda pode assistir à visita guiada virtual desta exposição aqui.

A Embaixadora, a artista plástica Rueffa, cujo trabalho está inserido no universo da Neo Pop Art, tem uma ligação natural ao tema da exposição, tendo-se assumido como uma grande fã de Roy Lichtenstein. Na sua opinião, ele é um dos grandes artistas da segunda metade do século XX e uma referência incontornável neste campo estético, tão admirado por Rueffa.

No decorrer da exposição, aconteceram várias visitas guiadas com diversas figuras portuguesas ligadas à banda desenha e à ilustração Pop, como o artista João Fonte Santa, o diretor do Festival de Amadora BD Nelson Dona, e o ilustrador Nuno Saraiva.

Através das 41 obras expostas, esta exposição levou o visitante a percorrer as várias etapas da Pop Art de Lichtenstein, desde o sucesso da sua primeira exposição, enquadrada no movimento ao qual viria a ficar associado, aqui representado pela obra Handshake Poster (1962), até à data da sua morte, em 1997. À data de sua morte, aos 73 anos, o artista deixou o legado de mais de cinco mil pinturas, esculturas, murais, entre outras expressões artísticas. As suas obras perduram e são reconhecidas em todo o mundo. Roy Lichtenstein é considerado como um dos principais artistas da Pop Art, continuando o seu legado a despertar fascínio e interesse.

Biografia

Roy Fox Lichtenstein (1923-1997) foi um dos artistas mais influentes e inovadores da segunda metade do século XX. A sua obra é classificada como Pop Art, um movimento artístico que ajudou a criar, sob influência de uma cultura de massas, ditada pela emergente sociedade de consumo.

Nasceu em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA), a 27 de outubro de 1923. Durante a adolescência, apaixonou-se pela música, levando-o a frequentar diversos clubes de Jazz. Contudo, demonstrou também, desde cedo, apetência por outras formas de arte: o desenho e a escultura.

Em 1943, durante a II Guerra Mundial, é recrutado pelo exército e enviado para a Europa em 1945. Após a declaração de paz, fixa residência em Paris, França, onde estuda Línguas e Civilização Francesa na Sorbonne.

Em 1946, volta para Ohio (EUA), para concluir os seus estudos universitários na Universidade do Estado de Ohio (OSU), iniciados antes da guerra, e é contratado como professor de artes. Começa, nesta altura, a criar as primeiras pinturas abstratas. Posteriormente, o seu contrato como professor não é renovado (1951-52) e, com a sua mulher Isabel, muda-se para Cleveland, onde aceita vários empregos em regime part-time, nomeadamente como decorador, gráfico e designer industrial, trabalhos que o aproximaram a novas técnicas.

Para recuperar a carreira académica e aproximar-se de Nova Iorque, Lichtenstein aceitou o cargo de professor na Universidade do Estado de Nova Iorque, em Oswego, em 1957.

Em 1960, começou a lecionar Artes na Faculdade Douglass, no colégio de mulheres da Universidade Rutgers, em Nova Jersey. Um ano depois começou a desenvolver a sua linguagem, inspirada em personagens de Banda Desenhada. Nesta altura, recorre a dois temas: Amor e Guerra. Explorou o azul, o vermelho e o amarelo, ou apenas uma ou duas cores para melhor imitar os métodos da impressão.

De forma inovadora, apropriou-se dos pontos Ben-Day, uma técnica de reprodução mecânica de um padrão usada na gravura para dar textura e gradações de cor. Os pontos tornaram-se a imagem de marca para sempre associados à Pop Art de Lichtenstein.

Em 1962, apresenta as suas obras na Leo Castelli Gallery, em Nova Iorque, galeria com a qual assinou contrato. A exposição revelou-se um sucesso. Em 1963 realiza a sua segunda exposição, eo seu trabalho passa a ser exibido em vários museus e galerias de todo o país. Em 1969, o Museu Guggenheim de Nova Iorque fez uma retrospetiva do seu trabalho.

A procura de novas formas de apresentar a sua obra ganhou ainda maior importância, a partir de 1970, quando Roy Lichtenstein foi viver para Southampton, zona de veraneio de Nova Iorque – altura em que desenvolve vários trabalhos que resultam de encontros complexos entre o cubismo, o futurismo, o surrealismo e o expressionismo.

No início dos anos 80, que coincidiu com o restabelecimento do estúdio na cidade de Nova Iorque, Lichtenstein passou uma fase ligada à construção de murais e arte pública a nível mundial.

Roy Lichtenstein morreu em Nova Iorque, Estados Unidos, no dia 29 de setembro de 1997.

Exposições paralelas

AMADORA BD

No âmbito da 8.ª edição da “Arte Chegou ao Colombo”, foi estabelecida uma parceria com o festival Amadora BD, com o objetivo de criar uma exposição dedicada à arte da banda desenhada. As visitas guiadas especializadas criaram um link à exposição central “Roy Lichtenstein e a Pop Art”.

“Amadora BD no Centro Colombo” homenageou Roy Lichtenstein que explorou a estética artística e os temas próprios da banda desenhada, apropriando-se desta vertente para criar símbolos icónicos que fazem parte do legado do movimento Pop Art. A exposição reuniu diversos trabalhos de 30 artistas, de várias gerações, vencedores do Prémio Nacional atribuído pelo Festival de Banda Desenhada da Amadora, desde a sua criação em 1989. Artistas que assumem, nos dias de hoje, um papel importante na vertente da banda desenhada nacional com diversos livros e álbuns, tais como João FazendaRicardo Cabral e Joana Afonso.

TOP 50 2018 WORLD PRESS CARTOON

O melhor do cartoon mundial também esteve em exposição no Centro Colombo, no âmbito do projeto “A Arte Chegou ao Colombo”. Na exibição estiveram representados autores de 27 países, de todos os continentes, numa seleção dos melhores 50 trabalhos do World Press Cartoon 2018. A “Top 50 2018 World Press Cartoon” ofereceu uma oportunidade de observar ao detalhe cartoons que compõem um retrato humorístico do mundo, cuja matriz é a crítica a temas e protagonistas da atualidade mediática. O artista Roy Lichtenstein, usou a estética das cores primárias e traços negros, bem como o humor próprio do cartoon, para criar algumas das suas mais famosas obras.

A seleção dos 50 melhores trabalhos foi realizada pelo júri do World Press Cartoon, o maior evento a nível internacional no panorama do cartoon editorial, que premeia desenhos publicados em jornais ou revistas de todo o mundo.

TALK PORTUGAL POP

Para encerrar o a exposição “Roy Lichtenstein e a Pop Art”, em parceria com a revista Visão, foi organizada a talk “Portugal Pop”, onde foram discutidos vários assuntos mundanos, com convidados de renome nacional, de diversas áreas. A apresentadora de TV Ana Rita Clara e Mafalda Anjos, diretora da revista Visão, conduziram os chamados “duelos improváveis” entre José Cid e Margarida Rebelo PintoPipoca Mais Doce e Miguel Somsen, e Rita Ferro Rodrigues Rui Maria Pêgo.

Enquanto isso, a embaixadora e artista plástica Rueffa foi desafiada a realizar uma live performance durante todo o tempo da talk “Portugal Pop”, onde pintou um quadro em homenagem ao artista norte americano Roy Lichtenstein – tudo isto acompanhado do som ao vivo do DJ John Holmes.

Ficha Técnica

ORGANIZAÇÃO: Sonae Sierra / Centro Colombo

CURADORIA: State of the Art

EMBAIXADORA: Rueffa

CONCEITO & PRODUÇÃO: State of the Art

PROJETO DE ARQUITETURA: Diogo Aguiar e João Jesus

COLEÇÃO: Joseluis Rupérez

AGRADECIMENTOS: Amadora BD, World Press Cartoon