Viajamos no tempo e regressamos a 2005. Fazemos uma paragem na casa dos pais de Patrícia Paes e encontramo-los sentados. Pensativos. A filha tinha tido uma ideia para um produto inovador e único no mercado, e contava com o apoio de uma amiga para juntas desenvolverem esta ideia e a apresentarem num centro comercial. Mas naquele momento, em casa dos pais, Patrícia desligou uma chamada durante a qual a amiga anunciou que desistia do plano. “Fiquei estática. Sem reação. Depois olhei para os meus pais e disse: vou para aquela cozinha criar o que sonhei e hei-de ir para um Centro”.

Embora o projeto tenha começado cheio de obstáculos, Patrícia acabou por conseguir alcançar o seu objetivo. “Nunca tinha feito nada daquilo na minha vida inteira. A primeira semana fazia, desfazia e refazia porque nada ficava bem. Mas a faltar poucos dias, houve uma peça que ficou tal como queria. Lembro-me tão bem dela. Um cubo onde estampei anjos do Michelangelo. Tive o meu primeiro espaço de venda com 68 unidades, mas vendia-as todas no primeiro dia.”

Enquanto Patrícia dava vida aos cubos, os pais ajudavam na estampagem, num processo ainda hoje 100% português. A estrutura é produzida em parafina e no interior vê-se uma peça de acrílico, ignífuga, que possibilita o encaixe perfeito de velas t-light ou até de um suporte de lâmpada.

Regressamos a 2017, e estamos a conversar com Patrícia e esta – mais velha mas tão determinada como no começo – no espaço da marca, no Colombo, no piso 1, em cima da Mr.Blue e ao lado da Fnac. Aqui, seja para o namorado, mãe, avó, tio, madrinha, irmã ou até uma amiga muito especial, pode personalizar um cubo, de diferentes tamanhos, com fotografias, desenhos e até mensagens. Os preços variam entre 4,40€ e 900€. “Depois dessa primeira etapa superada, fechei a primeira encomenda para os Palácios de Sintra – que compraram milhares de unidades – e hoje vendemos para Barcelona, para o Museu das Belas Artes da Bélgica, para todos os principais museus de Portugal – em alguns casos com coleções exclusivas – e também para marcas como a Yves Saint Laurent. O nosso objetivo é espalhar uma luz portuguesa pelo mundo.”

Com o produto a ser feito por nove mãos 100% portuguesas, a criadora da marca acredita ainda hoje que “o melhor da vida é gratuito e que o objetivo da Candle In é eternizar tudo isso”.

Mas como os sonhos não devem ter limites, Patrícia criou mais recentemente a Ni, “uma marca que se destina aos mais pequeninos lá de casa. Senti que havia muito a ser feito pela decoração de quartos infantis. Assim, resgatei o cavalinho de madeira – cujo objetivo é passar de geração em geração – e juntei uns apontamentos modernos. Uma almofada no assento que pode ser trocada por tantas outras com diferentes padrões. Para além disso, existem quadros simples com mensagens, casas de bonecas, baús… um mundo encantado que se fica pelo minimalista.”