“É impensável conhecer a fotografia de retrato sem conhecer Terry O’Neill”

Isabel Saldanha, a formadora do Ciclo de Workshops de Fotografia do Centro Colombo, fala-nos sobre o que pode aprender nos cursos e a paixão pela fotografia.

Isabel Saldanha, 37 anos, é a fotógrafa que dinamiza o ciclo de workshops de Fotografia que se insere no âmbito da exposição Terry O’Neil – Faces of the Stars”, trazida pela sexta edição do projeto “A Arte chegou ao Colombo”.

“Eu gosto das 1000 palavras, gosto desta parte que é a narrativa”

Tem duas filhas e é licenciada em Gestão e Literatura, esta última, uma área que lhe interessa tanto ou mais que a Fotografia. Isabel sabe que uma imagem vale mais que mil palavras mas acha que as duas coisas se complementam. “Eu gosto das 1000 palavras, gosto desta parte que é a narrativa”.

Quem segue o seu trabalho no blog que tem o nome da própria percebe esta paixão, já que cada conjunto de fotografias é complementado por um texto de sua autoria. Estivemos a conversar com Isabel Saldanha para saber com o que podemos contar neste ciclo, bem como conhecer um pouco melhor esta sua paixão.

Com o que podemos contar em cada um dos workshops que compõem este ciclo de Fotografia?

Tentamos com estes workshops dar acesso a uma série de disciplinas da Fotografia em módulos curtos e muito acessíveis com conteúdos distribuídos de uma forma expositiva e muito prática. Ao todo, são quatro workshops. O primeiro arrancou na quinta-feira, com Reportagem Fotográfica, e tem tudo a ver com a narrativa, com a sequência, com a criação de imagens que contam uma história. Depois vamos ter um workshop de Retrato, mais centrado nas questões da pessoa, e por fim dois workshops que serão relativamente inovadores e estão na ordem do dia que é a questão do Phone Photography e de todas as apps que hoje existem, disponíveis para os telemóveis para podermos editar fotos e publicá-las em tempo real.

Vai haver alguma continuidade ou cada workshop é único e indicado a públicos diferentes?

Os workshops não pressupõem continuidade, cada workshop é um módulo individual de onde as pessoas devem tentar tirar o máximo de proveito em três horas de conteúdo, isto para possibilitar que cada pessoa possa usufruir daquele momento, do curso em especifico. Talvez para o ano daremos continuidade, ou quem sabe ainda este ano, através de um modulo mais avançado, quer de Phone Photography, Narrativa ou Retrato.

Pode explicar um pouco melhor como será o módulo de Reportagem?

Este é um tema que me fala especialmente ao coração. Eu não sou só uma fotógrafa — quem segue o meu trabalho sabe que eu sou uma contadora de histórias, e este primeiro workshop tem muito a ver com contar histórias. Tem sobretudo a ver com a criação de imagens que de alguma forma se comuniquem entre si e que narrem uma expressão, um momento ou mesmo um enredo. As pessoas vão aprender a criar uma sequência pequena de seis imagens, uma narrativa que faça sentido enquanto um todo.

Os workshops servem para aprofundar a técnica da fotografia, o que pressupõe já alguma técnica por parte dos formandos. De que bases falamos?

Para não estancar o acesso das pessoas ao universo da Fotografia e para que elas possam tirar proveito deste ciclo, eu admiti que as pessoas pudessem participar neste workshop mesmo não tendo o domínio técnico. Ou seja, se as pessoas tiverem o domínio estético da fotografia, se tiverem alguma capacidade do ponto de vista dos enquadramentos dos planos, o domínio técnico será o mais fácil de se adquirir. O que é difícil é o olhar do fotógrafo, portanto, nestes workshops, não vamos dar técnica fotográfica, isto é uma coisa que avancei desde logo, nós não vamos falar de aberturas, velocidades ou ISOs. É pressuposto que as pessoas que venham a estes workshops já tenham algum domínio ou, não tendo este domínio técnico, tenham pelo menos o domínio estético pela fotografia e muita paixão.

Há imensas fotos no seu blog, talvez mais de reportagem. Podemos dizer que este é o tema com que mais se identifica?

“Gostar mais de reportagem” acho que não será a expressão certa. Eu acho que sou até muito generalista, não sou uma fotógrafa de paisagens, sou uma fotógrafa de pessoas e de histórias. Acho que a fotografia de reportagem é efetivamente uma das áreas com que mais me identifico, porque tem toda a riqueza dos detalhes, dos grandes planos, das expressões… por isso sim, se eu disser que há uma área que mais me apaixona na fotografia é a área de fotojornalismo e na declinação mais artística da fotorreportagem, da fotografia de autor.

Este ciclo de workshops surge no âmbito da exposição de fotografia “Terry O’Neil — Faces of the Stars”. Como caracteriza a fotografia de Terry O’Neil?

Para conhecer um pouco do trabalho de Terry O’Neill basta ir à exposição aqui no Colombo e ver por si mesmo. Ele é absolutamente fantástico, é um ícone da Fotografia, é uma pessoa que teve a possibilidade de estar muito próximo destas vedetas, podendo tirar fotografias completamente icónicas, registando momentos únicos de descontração. Ele também tem uma forma de editar muito específica, quer na cor, quer no preto e branco. Na forma como ele trabalha a fotografia no geral — que eu acho muito interessante. É impensável conhecer a fotografia de retrato sem se conhecer a referência que é o Terry O’Neill no mundo da Fotografia, sobretudo para quem gosta das figuras pop. Na cultura pop, ele é sem dúvida o mais marcante.

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