Fizemos o desafio dos 22 dias vegan

Até Beyoncé aceitou o desafio de seguir o revolucionário plano de Marco Borges. Uma jornalista What’s On também aceitou o desafio. Aqui estão as nossas conclusões.

“Transforme o seu corpo e a sua vida em 22 dias”, é o livro de Marco Borges que fala sobre os benefícios de se seguir uma alimentação vegan – a nível de saúde pessoal e do próprio planeta – e oferece um plano de 22 dias que promete reprogramar os hábitos e mudar a vida de quem adota este novo estilo.

Sempre tive cuidado com a minha alimentação, e embora nunca tivesse pensado nisso de ser vegan, já adotava uma alimentação maioritariamente vegetariana, por isso, e porque esta é uma dieta que vem sendo falada, muito porque a cantora pop Beyoncé também aceitou este desafio, também eu tentei, por 22 dias, ser vegan.

O livro traz receitas para o pequeno-almoço, almoço e jantar, para cada um dos 22 dias.

Numa primeira análise, as receitas não pareciam difíceis, nem impossíveis de se seguir durante 22 dias. Mas achei logo que arroz com couve, batata doce com feijão ou quinoa com lentilhas eram demasiados hidratos de carbono – mais do que normalmente comia. Por isso, se não praticasse bastante exercício haveria uma boa probabilidade de engordar.

Sobre este ponto, convém referir que, como em qualquer dieta, esta também era para ser acompanhada por exercício físico e que, embora treine, setembro e outubro não foram os meus melhores meses neste aspeto.

A primeira semana

Antes de começar o plano, pesei-me e medi a minha percentagem de massa gorda, o que foi essencial para uma posterior compactação. Os valores não eram perfeitos, mas estavam dentro do saudável.

A ida às compras não foi problemática. Nada de ingredientes demasiado exótico, nada de coisas excessivamente caras. Gastei cerca de 10€ nas compras da primeira semana. É verdade que já tinha quinoa, aveia e praticamente todos os temperos em casa. Ainda assim, não foi nada caro.

Se por um lado é ótimo ter um livro que nos diz exatamente o que comer hoje e amanhã, por outro, cozinhar pratos diferentes durante três semanas para uma só pessoa é demasiado, pelo que adaptei um pouco o plano – tudo o que comi estava no livro, mas risquei, por exemplo, os rolinhos de sushi vegan ou a pizza de massa integral e substituí-os por outros pratos, que repeti durante a semana. Também risquei os sumos verdes ao pequeno-almoço e fiquei-me pela papa de aveia, papa de quinoa e panquecas vegan. Levo a primeira refeição do dia muito a sério, e se é para me ficar por três refeições por dia, então de certeza que não me ia aguentar só com um sumo logo pela manhã.

Embora todos os pratos fossem vegan, não andei a jantar alfaces durante três semanas. Todas as refeições eram completas e variadas. Nem todas eram espetaculares, claro está. Se o tabule de quinoa é sem dúvida um prato a repetir muitas mais vezes, a taça de arroz integral com couve certamente não o será.

Na primeira semana senti alguma fome entre refeições, já que estava habituada a comer snacks nos intervalos. Nos momentos de maior fome, comia frutos secos, e foi o suficiente. A não ser quando ia correr antes de jantar — aí optei por uma torrada com manteiga de amendoim ou uma peça de fruta.

A segunda semana

Passada a primeira semana, achei que merecia uma cheat meal na sexta-feira à noite. Digamos que se calhar abusei, com batatas fritas e enchidos e, claro, fiquei mal-disposta. Mas vejamos o lado bom: em cinco dias o meu estômago já estava a habituar-se às refeições leves e com pouca gordura.

Na segunda semana senti menos fome entre refeições.

Foi-me também mais fácil fazer as refeições para a semana (costumo preparar de véspera e é possível fazê-lo com os pratos desta dieta vegan). No sábado, continuei a achar-me merecedora de uma cheat meal por semana, mas não exagerei como no primeiro fim de semana.

Além da falta de fome, senti-me menos inchada. Não foi nada notório, mas sentia-o em algumas peças de roupa.

O autor do livro, Marco Borges, diz que após algum tempo sem comida processada, o nosso palato recebe melhor o sabor das frutas e legumes e, ao fim de três semanas, confirmei isso. Basta só um bocadinho de boa disposição para assumir que uma salada de tomate, abacate e pepino pode ser um bom, e suficiente, jantar.

O final da dieta

Passados os 22 dias, voltei a pesar-me. Admito que não estava muito esperançosa quanto aos resultados, ainda assim, ver que em 22 dias perdi apenas um quilo não foi lá muito agradável. Contudo, posso assumir que foi uma boa evolução já que esta é uma dieta muito rica em hidratos de carbono em que não é fácil emagrecer sem muito exercício físico. Se tivesse tido um cuidado extra com as doses, possivelmente teria emagrecido mais. De massa gorda, diminui o correspondente a cerca de um quilo de gordura, mas como não perdi músculo, até não foi mau. Pelo contrário, o facto de não perder músculo comprova que nem sempre as dietas à base de vegetais são prejudicais ao músculo, apenas temos de saber quais as proteínas alternativas ao peixe e à carne.

Os melhores resultados foram o perímetro abdominal

Os melhores resultados foram o perímetro abdominal: perdi três cm de cintura, o que me levou à tal sensação de menor inchaço. Outro valor bom foi o da tensão arterial: passei de 128,7 para 110,6, o que comprova que uma maior ingestão de vegetais e menor de alimentos processados ajuda a melhorar a tensão arterial.

Conclusões

Destes 22 dias, concluo várias coisas. A nível pessoal, e tendo esta sido a minha primeira dieta, assumo que não sou a melhor pessoa para seguir à risca uma dieta, o que não é mau, já que consegui manter-me (quase sempre) no veganismo, mesmo adaptando um ou outro prato.

Sobre a dieta em si, acho que muitos deviam adotar este desafio de 22 dias vegan. Mesmo que o objetivo não seja o de mudar por completo os hábitos alimentares, descobrir novas rotinas, novas receitas e consciencializar-se sobre as verdadeiras necessidades do nosso corpo pode ser importante. Se pensar bem, não é algo assim tão drástico, pelo contrário, é das formas mais habituais de comer em todo o mundo (estima-se que 4 mil milhões de pessoas vivam à base de vegetais e apenas 2 mil milhões à base de carnes).

Não tem de ser radical, mas dar mais atenção às frutas e vegetais só lhe fará bem.

Por 22 dias, eliminei a proteína animal da minha alimentação e ainda que volte a inseri-la na minha rotina, não vai ser, de todo, a base da minha alimentação.

Em suma, não fiquei com o corpinho da Beyoncé (nem o livro nem as dietas fazem milagres, mas explorei uma forma de vida que é, de facto, mais saudável, nada difícil nem impossível.

O que faltou? Levar os 22 dias mesmo à risca, mantendo o veganismo quando se janta fora, por exemplo. É importante e ajuda a criar hábitos que se vão tornando cada vez mais comuns.

O livro está à venda na Fnac e custa 14,90€.

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