Rodrigo Leão: “há um lado musical na obra de Vieira da Silva”

Vai estar no Centro Colombo no próximo dia 26 para inaugurar a exposição imersiva que recebemos no nosso piso 0 e esteve à conversa connosco sobre a banda sonora que desenvolveu para acompanhar esta experiência inovadora. Conheça o processo criativo e saiba o que esperar destas composições musicais – na primeira pessoa.

Rodrigo Leão é o compositor da banda sonora que acompanha Vieira da Silva. Exposição imersiva na obra da artista – uma mostra que une arquitetura, multimédia, música e pintura numa experiência única em torno da obra de Maria Helena Vieira da Silva, uma das mais reconhecidas pintoras portuguesas. Foi justamente na Fundação Arpad-Szenes Vieira da Silva que nos encontrámos com o músico para conversar sobre este enorme desafio que lhe propusemos.

Quais foram as primeiras impressões sobre esta exposição?

Fiquei logo muito entusiasmado com o convite. Primeiro porque sou um grande admirador da obra de Vieira da Silva e depois porque é a primeira vez que tento fazer esta associação da música com a pintura. 

Como encontrou essa ligação?

É evidente que a pintura – assim como o cinema, a poesia e por aí fora – é para mim, muitas vezes, uma fonte de inspiração muito grande para fazer música, para ter ideias novas. Mas este acabou por ser um trabalho muito intuitivo: a pintura de Vieira da Silva é muito abstrata e a música que eu faço tem também esse lado muito abstrato. Então no fundo o que fiz foi olhar para aqueles quadros que tinha à frente e encontrar na música algo que para mim fizesse sentido, que tivesse alguma ligação com o que estava a ver. É evidentemente um processo subjetivo, mas há um lado muito musical na obra de Vieira da Silva. Há muitos quadros que transmitem ritmo, transmitem música, transmitem matemática. Isso está em parte da música que eu tenho vindo a fazer a longo destes anos e, portanto, este foi um processo muito espontâneo.

O que pode adiantar sobre o resultado final?

Há três grupos diferentes, cada um deles com dois temas, e os grupos correspondem às várias salas da exposição. Os temas acabam por se juntar a determinada altura. Não posso nem sei adiantar muito mais: eu próprio estou muito curioso com o trabalho de Oskar & Gaspar porque, conhecendo um pouco deste coletivo, acho que vai dar uma dinâmica muito importante a todo este trabalho. Estou muito feliz por dar o meu contributo, mas penso que a parte multimédia, ou seja, a parte da imagem que está a ser trabalhada, será a parte mais importante da exposição e aquela que mais vai exaltar a obra de Vieira da Silva.

Misturar as artes é celebrar a arte?

Sim. E esse é um dos pontos mais interessantes deste trabalho: misturar estas três artes que são a pintura, a música e a multimédia. Tem também sido um dos meus objetivos ao longo dos anos: trabalhar com cinema, com poesia – agora com pintura, pela primeira vez… Não sou nenhum especialista em pintura, sou um admirador, mas há um grande entusiasmo por ser a primeira vez que faço isto.

O que podemos esperar da inauguração de A Arte Chegou ao Colombo na nossa Praça Central?

Vamos fazer uma pequena atuação no dia 26 de junho, no dia da inauguração da exposição. Vou estar com dois músicos, o João Eleutério e a Viviana Tupikova. Vamos tocar alguns dos temas que foram usados para esta exposição e alguns outros temas que achamos que podem fazer sentido tocarmos nesse dia. Será um concerto intimista e instrumental, onde estará presente um pouco da influência da música eletrónica que existe no trabalho que eu faço. Espero que apareçam.

Até lá, fique com um excerto da conversa que tivemos com o músico:

Com o convite feito, resta-nos deixar-lhe os detalhes: dia 26 de junho, a partir das 18h, recebemos a inauguração de A Arte Chegou ao Colombo com “Vieira da Silva. Exposição Imersiva na Obra da Artista” e a participação especial de Rodrigo Leão para um pequeno e muito especial live act. Em jeito de celebração, este evento inaugura a nossa exposição, que estará patente no piso 0 do nosso Centro de 26 de junho a 26 de agosto – após a inauguração, diariamente entre as 10h e as 23h.

Além da belíssima atuação de Rodrigo Leão, espera-se que a inauguração da exposição seja um momento de revelações em que música, arquitetura, multimédia e pintura se apresentam de mãos dadas.

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