O artista que democratizou a arte

Um dos pais da Pop Art, Roy Lichtenstein criou um estilo radicalmente novo, assente numa linguagem inovadora, iconográfica e de consumo imediato. Democratizou a arte, tornando-a acessível a todos, como pode comprovar no nosso Centro, em mais uma edição d’ “A Arte Chegou ao Colombo”, até 23 de setembro.

“Gosto de fingir que a minha arte não tem nada que ver comigo”. A frase de Roy Fox Lichtenstein (1923-1997) acaba por ser um espelho daquilo que foi a sua carreira. Um dos artistas mais influentes e inovadores da segunda metade do século XX e uma das figuras incontornáveis da Pop Art, Lichtenstein explorou obras-primas da História de Arte e tornou-as consumíveis pelas massas, tentando manter-se à parte como autor.

Nascido em Nova Iorque, a 27 de outubro, o primeiro de dois filhos de Milton Lichtenstein, um empresário de sucesso do ramo imobiliário, e de Beatrice Lichtenstein, encontrou no jazz a sua primeira paixão. Foi a mãe que o despertou para a música, ensinando-o a tocar piano e levando-o a assistir a concertos e a outras manifestações artísticas da altura, na ‘cidade que nunca dorme’. Mas o desenho e a pintura não demoraram muito a ser o principal foco do artista que sempre utilizou uma imagem muito própria no que diz respeito ao estilo e à iconografia.

Roy Lichtenstein estudou num colégio particular em Manhattan, em Nova Iorque, até 1940, época em que frequentou ao mesmo tempo um ateliê de pintura e desenho. Na universidade, prosseguiu os estudos em Artes, na Ohio State University, em Columbus. No entanto, foi obrigado a interromper os estudos, entre 1943 e 1945, para integrar o exército norte-americano. Enviado para a Europa, na II Guerra Mundial, foi aqui que deu forma aos seus primeiros esboços de pintura, período em que observou e estudou atentamente referências da História de Arte, como Cézanne, Miró, Léger e, sobretudo, Picasso – sua grande influência.

Mas foi a partir de meados dos anos 1950 e, principalmente, nos anos 1960, que a carreira de Lichtenstein começou a ganhar uma outra dimensão. Inspirado na cultura contemporânea de uma emergente sociedade de consumo, recorreu à Banda Desenhada (BD), a anúncios publicitários, a publicações e a ilustrações como fontes de inspiração. Utilizou cores primárias, delineou figuras através de fortes contornos pretos e recorreu a um processo gráfico intitulado os pontos de Benday.

Mais tarde, produziu obras inspiradas no Impressionismo, no Futurismo, no Surrealismo e no Cubismo. Já em meados da década de 1990, no final da sua carreira, abordou um dos géneros mais antigos da História de Arte: o nu, inspirado em modelos da BD e não em modelos reais. Um dos exemplos mais conhecidos é o “Nudes with Beach Ball”.

Roy Lichtenstein morreu aos 73 anos, em 1997, com a assinatura de mais de 5.000 pinturas, esculturas, murais, entre outras expressões artísticas. Um legado que perdura e é reconhecido em todo o mundo, e que pode agora descobrir na exposição “Roy Lichtenstein e a Pop Art”, patente na nossa Praça Central até 23 de setembro.

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